Simples de Coração fazendo Paralelas
Volta pra casa... me traz na bagagem: tua viagem sou eu
Novas paisagens, destino, passagem: tua tatuagem sou eu
Casa vazia, luzes acesas (só pra dar a impressão)
Cores e vozes, conversas animadas (é só a televisão)
Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Esquecemos o que somos: simples de coração
Volta voando (vinda do alto),derrete o chumbo do céu
Antes que eu saia pela tangente no giro do carrossel
Falta uma volta (ponteiros parados): tudo dança em torno de ti
Volta pra casa... fim da viagem: benvinda à vida real
Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Agora é bola pra frente, agora é bola no chão
Já brincamos muito tempo (até perder a direção)
Na santa paz de Deus
No mais perfeito caos
Dia desses parei pra prestar atenção nessa música qdo ouvi o verso "tua viagem sou eu" que seguia com "tua tatuagem sou eu", o que me lembrou imediatamente "teu infinito sou eu" de Paralelas do Belchior. Gosto de analogias e não só eu, mas como também o Humberto e o Belchior gostam. Minhas análises de músicas dos Engenheiros e do Belchior dá um emaranhado de analogias.
Será que o Humberto qdo escreveu Simples de Coração fazia relação com Paralelas do Belchior, considerando que ele é fã do mesmo? Se for parar pra pensar, Paralelas é umas música de separação em que parece ser trocado o amor romântico, pelo pragmatismo do dinheiro. Os amantes se pertecem, mas seguirão vidas paralelas, na mesma direção, porém separados. Simples de Coração é uma música de tentativa de volta, do tipo "volta, não vamos esquecer o que somos, simples de coração. Volta! Das viagens, tatuagens e coisas que você almeja, teu infinito sou eu". Será que é isso? Não sei, é só uma interpretação.
Alias, interpretações não me faltariam nesse momento. Seguem muitas pra cada verso, mas por enquanto vou deixar apenas a letra de Paralelas do Belchior, porque sou simples de coração, mas de cabeça, não.
Dentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora, ó meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho
e fico rico, quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio
vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos
Nem te lembras de voltar, de voltar, de voltar
No Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana, o mar sou eu
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel, o que é paixão
E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar
Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu