segunda-feira, março 29, 2010

E eu dizia "ainda é cedo"

Eu não tenho muito tempo para escrever, mas eu preciso escrever isso...

Uma das coisas mais tristes da vida é perceber que você perdeu a juventude. Perceber que está perdendo a juventude causa uma angústia enorme, mas perceber que perdeu de fato é sofrer um luto de si mesmo. É como perder o reconhecimento de seu próprio Eu, de sua identidade, olhar para o tempo e saber que não há volta.
E por que eu penso isso aos 23 anos de idade? É verdade que aos 23, eu olho pra mim e sei que ainda tenho um infinito de coisas a aprender, comportamentos e pensamento a assimilar, posturas a desenvolver, mas essa maldita maturidade, essa falta de fogo, de calor, de inocência, de vida, de alegria, de sonhos, de desejos é que, pra mim, têm significado o sepultamento da minha juventude. A angústia é um sentimento que acompanha o homem desde o nascimento até a morte, não sendo um privilégio dos jovens, mas na juventude, a angústia é o propulsor da revolta, da revolução, do confronto, mesmo que seja o confronto consigo mesmo - é uma autodestruição criativa, que propulsiona pra frente. A angustia da vida adulta é a doença - você fica obeso, leso, cansado, alguns poderão desenvolver comportamentos patológicos pois seu prazer é proveniente da culpa, você sofre de angustia, mas não há nada que te tire dali. Estagnado. O eterno porvir da vida toma outro significado, e o porvir maravilhoso que você sonhou, nunca chegará. Angustia... todo sofrimento e noites de choro forão em vão, você enfim se tornou um babaca. Escolha um emprego, escolha uma esposa, escolha uma casa...

Socorro não estou sentindo nada! Nesses dias me lembrei de Legião Urbana - Índios. "Quem me dera ao menos uma vez, ter de volta todo o ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade, se alguém levasse embora até o que eu não tinha". Eu me lembrei e fiquei escutando, sem nem ao menos saber que dia 27/03 ele faria 50 anos. Por conta dos 50 anos, circulam homenagens e reportagens. Encontrei essa matéria no Twitter "Renato Russo: um cara que me ensinou algumas coisas que eu sei". Gostei muito e me motivei a escrever o presente texto.

A juventude me abandonou, fiquei com cara de tacho, angustiada, olhando o tempo e dizendo ainda é cedo, cedo, cedo, cedo... ai eu dizia ainda é cedo, cedo, cedo, cedo, cedo...

1 Comments:

Blogger Felipo Lovatto said...

olha vou lhe falar que consigo partilhar da tua angústia, pois sinto algo pareceido, ainda mais para mim que acabei perdendo parentes próximos, existe um vazio, uma dormência que não consigo sair ou me rebelar, eu preciso de uma revolução

segunda-feira, abril 12, 2010 9:31:00 PM  

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