With birds i'll share
this lonely view
Quando eu tinha 12 anos e vi esse vídeo pela primeira vez, eu fiquei encantada, fiquei em extase. Eu não conhecia Red Hot Chili Peppers e esse foi o primeiro passo pra que eles se tornassem uma das que foram "a minha banda preferida".
Um tempo depois de eu ter conhecido a música, ela se tornou sucesso no Brasil inteiro, virou trilha do casal principal de Malhação, todos adoravam-na e eu, no início de minha adolescência, entendendo que aquela era a música que sintetizava todo o meu Eu, pensava: "Não devia ter banalizado".
Scar Tissue era um título que dizia muito pra mim "scar tissue that i wish you saw", "há uma cicatriz que eu gostaria que você visse". Era isso, isso sintetizava todo o meu Eu. Haviam tantas dores e cicatrizes que apenas eu conhecia, que em nada eram evidentes, mas que eu queria evidenciar, gostaria de dizer "hey, olha aqui o que você fez, olha como eu estou", havia um sentimento de auto-altrísmo, auto-empatia. E de fato, no auge de meus 12 anos eu já era marcada por uma das 2 piores cicatrizes que tenho hoje.
Red Hot Chili Peppers é uma banda comercial, do mainstream, mas eu não entendia de nada disso, só entendia da sinceridade que sentia nas músicas e nos versos que ouvia.
Aquele quarteto de caras esfolados dentro de um carro velho, dirigindo pelo deserto em um entardecer também era uma síntese visual do que eu era. Foi uma revolução pra mim. A cabeleira loura descolorida de Anthonie Kieds - o vocalista - com um rosto lindo e pouco convencional, o corpo malhado, as tatuagens simétricas, aquele sexismo envolto há tantas cicatrizes e dores, as músicas animadas, as batidas, o sarcasmo, eram elementos que faziam com que eu me identificasse com a banda.
Dois anos depois de conhecer a música e a banda, eu fui ao show deles no Rock in Rio 3, que também foi uma história a parte. Me decepcionei. Não foi como eu queria e nem como eu esperava. Algumas entrevistas que eu assisti na época e depois me decepcionaram também, para uma garota politizada, RHCP era uma banda muito "just for fun". O albúm seguinte que eles lançaram também não me apeteceu e, sem deixar as cicatrizes de lado eu mudei de Scar Tissue para Alive do Pearl Jam.
Aos 14 anos eu conheci a banda e a música e de igual maneira fiquei encantada. Aos 14 eu deixava o lamento das cicatrizes de lado e pensava "I'm still alive. Do I deserve to be?". Aos 14 eu deixava a batida animada californiana para o som cru e verdadeiro do grunge. Deixava de lado o just for fun e assumia uma identidade de compaixão para com o mundo, tão presentes nas letras de Eddie Vedder, o vocalista de expressões faciais maravilhosas, sem descoloração no cabelo e sem tatuagens simétricas.
No dia de hoje, por algum motivo que somente meu inconsciente conhece, me veio à cabeça os versos "with birds i'll share this lonely view" de Scar Tissue. E então eu rememorei tudo. Há algo dos meus 12 anos nesse momento da minha vida, há algo de RCHP aqui, o que me levou a ter vontade de ler a biografia de Anthonie Kieds, uma vez que eu pouco sei sobre a história dele de fato, sobre a história de alguém com quem me identifiquei um dia. Senti novamente belos aquele cabelo oxigenado, as tatuagens simétricas que tanto diziam algo pra mim.
"With birds i'll share this lonely view" é um verso que me cai bem nesse momento da vida, afinal, a dor é realmente um momento solitário e como boa garota romântica, a dor sempre me foi algo belo. Com os pássaros dividirei essa solitária visão.
1 Comments:
Caraca ja faz 10 anos!!!!!!!!!!!
acho que foi a primeira música que eu ouvi do red hot, me encantei tb,
talvez nem tanto pelas cicatrizes, mas pela solidão, sim a minha solidão, o clipe tb me lembra que era mais ou menos isso que me passava pela cabeça sobre o meu futuro. Sozinho por ai, eu um garoto tão solitário, a vagar pelas estradas.
Esta música apesar de antiga me faz parecer ainda atual, sua sonoridade, não é de todo ruim.
beijos amor
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